Criado em 1955, o Troféu Ramón de Carranza é um tradicional torneio de verão sediado na cidade de Cádiz, na Espanha, e que até 2017 foi disputado anualmente por quatro equipes. Era considerada a mais prestigiada competição amistosa do mundo até a década de 80, sendo popularmente conhecida como “A Taça das Taças” também pelo tamanho do troféu de campeão, com 1,71m de altura. A partir de 1979, passou a ter o anfitrião Cádiz como um dos participantes fixos, e desde 2021 é disputado em jogo único entre o Cádiz e uma equipe convidada.
Ramón de Carranza foi um militar espanhol que comandou a Prefeitura de Cádiz em duas ocasiões nos anos 30 e se alinhou às tropas de Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), ajudando a consolidar uma ditadura que perdurou na Espanha até 1975. Com a Lei da Memória Democrática de 2022, que ampliou a Lei da Memória Histórica de 2007, o nome do estádio onde as partidas são realizadas foi alterado de Ramón de Carranza para Nuevo Mirandilla.
O Palmeiras acumula seis edições disputadas: 1969, 1974, 1975, 1976, 1981 e 1993. Além de ser o clube que mais vezes representou o Brasil no torneio, é também o que mais títulos ganhou, junto com o Vasco, com três conquistas cada. O retrospecto alviverde na história do mata-mata europeu é de 12 jogos, sete vitórias, dois empates e três derrotas, sendo Edu Bala o maior goleador com cinco tentos e Ademir da Guia o que mais entrou em campo com sete jogos entre 1969 e 1976.
Vice-campeão da Libertadores em 1968 e vice-campeão paulista em 1969, o Verdão chegou à Espanha no fim de agosto, mais de um mês depois de iniciar uma excursão pelo exterior que começou com a primeira viagem do clube para o continente africano na história (dois amistosos no Congo, dois em Gana e três na Nigéria) e que contou ainda com dois amistosos na Europa (um na Romênia e um na Itália). Depois do Ramón de Carranza, os comandados de Rubens Minelli também conquistaram o Troféu Cidade de Barcelona ao vencer o Barcelona-ESP em pleno Camp Nou e, na volta ao Brasil, faturaram o Campeonato Brasileiro pela quarta vez.
Na edição de 1969, os demais participantes foram o Atlético de Madrid-ESP (então campeão do Ramón de Carranza), o Real Madrid-ESP (então campeão espanhol) e o Estudiantes-ARG (então campeão mundial e bicampeão da Libertadores). Na semifinal, o Palmeiras encarou o Atlético de Madrid-ESP e avançou com 2 a 1 nos pênaltis após empate por 1 a 1 (gol de Cardoso) – o goleiro Chicão foi herói ao defender duas cobranças e ver outra ir para fora. Já o Real Madrid-ESP despachou o Estudiantes-ARG com triunfo por 3 a 1.
No jogo decisivo, diante de 25 mil expectadores, o Verdão bateu o poderoso Real Madrid-ESP por 2 a 0 (gols de Zé Carlos e Dé), tornando-se a primeira equipe brasileira a conquistar o torneio, e com o mérito de tê-lo conseguido logo na sua primeira participação. A delegação palmeirense foi recebida com festa, trazendo não só o caneco, mas o orgulho de ter representado o Brasil, mais uma vez, com tanta dignidade em solo estrangeiro.
Jogo decisivo:
Real Madrid-ESP 0x2 Palmeiras
Data: 31/08/1969
Local: Estádio Ramón de Carranza, em Cádiz (ESP)
Gols: Zé Carlos e Dé
Palmeiras: Chicão; Eurico, Baldochi, Minuca e Dé; Zé Carlos e Ademir da Guia; Copeu, Jaime, Cardoso (César Maluco) e Serginho (Dudu). Técnico: Rubens Minelli.
Real Madrid-ESP: Betancort; Calpe, De Felipe e Sanchis; Pirri e Zoco; Fleitas (José Luis), Amancio, Grosso, Velázquez (Planelles) e Gento. Técnico: Miguel Muñoz.